segunda-feira, 16 de agosto de 2010

FAGUNDES VARELA


Luís Nicolau Fagundes Varela nasceu no estado do Rio de Janeiro, na cidade de Rio Claro, em 18 de Agosto de 1841. Era filho de Emiliano Fagundes Varela e Emília de Andrade. Passou a infância na fazenda Santa Rita e na vila de S. João Marcos, onde o pai era juiz. Posteriormente, residiu em Catalão, Goiás; nesta cidade, Fagundes Varela conheceu Bernardo Guimarães, o então juiz municipal. De volta ao Rio de Janeiro, morou em Angra dos Reis e Petrópolis, concluindo ali os estudos primários e secundários.

Vozes da América foi publicada em 1864, e sua obra-prima Cantos e Fantasias, em 1865. No ano seguinte, viaja para Recife e é avisado sobre o falecimento da esposa. Assim, em 1867 retorna para São Paulo e matricula-se novamente no 4º ano de Direito. Porém, abandona o curso mais uma vez e recolhe-se na casa paterna, em sua cidade natal. Fagundes Varela permanece até 1870 em Rio Claro, compondo suas obras entre noitadas boêmias, vagando indefinidamente pela vida.

Casou-se pelas segunda vez com a prima Maria Belisária, com quem teve duas filhas e um filho que também morreu prematuramente. Em 1870 vai para Niterói na companhia de seu pai, estabelecendo-se ocasionalmente na casa de familiares e ainda freqüentando a vida noturna carioca. Em 17 de fevereiro de 1875, morre aos 34 anos de apoplexia, já em estado de completo desequilíbrio mental.

A Flor do Maracujá


Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do Sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá !
Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas de sereno
Nas folhas do gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá.

Pelas tranças da mãe-d'água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Na flor do maracujá.

Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá !

Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá !
Pelas florestas imensas
Que falam de Jeová !
Pela lança ensangüentado
Da flor do maracujá !

Por tudo que o céu revela !
Por tudo que a terra dá
Eu te juro que minh'alma
De tua alma escrava está !!..
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá !

Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em - a -
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá!

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